No Rio Grande do Sul, em 2017, 35 mil jovens participam do projeto. O programa, que é lei, tem formação que dura 14 meses. A parte teórica, na sala de aula, tem 160 horas. A prática, desenvolvida dentro de uma empresa, pode durar de 80 a 240 horas, de acordo com a área.

Organizações que tem a partir de sete funcionários com funções de nível médio e técnico precisam contratar aprendizes. Os participantes tem todos os direitos de um funcionário: carteira assinada, salário, férias e INSS.

Para a professora do curso no Senac Zona Norte, Simone Moraes Cavagnoli, a experiência é gratificante. "Sair da área administrativa para a sala de aula, com jovens, é algo que desafia todos os dias, mas um trabalho gratificante", diz ela.

Jovem aprendiz, Victor Abianna está na fase prática e já pensa em ser efetivado. "Na área em que eu estou trabalho muito com contábeis, e é o que mais uso em administração. Me identifiquei e minhas aptidões foram muito boas em relação ao trabalho", diz ele. A formação, para o estudante, vai além do profssional:

"É uma formação de caráter, a gente aprende também a ter responsabilidade com horário. Eu pretendo ser efetivado, a empresa é muito boa e vai me abrir um grande leque, um network que me ajudará a seguir meu futuro profissional".

Segundo a diretora do Senac Zona Norte, Liliane Netto Valls, 70% dos alunos que participam do Jovem Aprendiz pela instituição são contratados ao fim do curso. Os principais setores que procuram pessoas nesse perfil são comércio de bens, serviços e turismo. Para Liliane, a fase de aprendizagem é essencial para dar segurança ao jovem.

"Durante o programa ele tem oportunidade de errar, está em fase de crescimento profissional. Um dos quesitos levados em conta também é que o jovem pode desenvolver todas as suas potencialidades dele num período em que ainda tem angústias em relação a vida profissional, de como será o futuro. Então o Jovem Aprendiz é o momento para tirar essas dúvidas, criar bagagem e competências de conhecimento e comportamentais", explica ela.

Há seis anos na Triunfo Concepa, concessionária que administra a freeway, o atendente de SAC Guilherme Flores começou sua trajetória na empresa como jovem aprendiz. "Eu estava no ensino médio, estudava de manhã e passava a tarde sem fazer nada. Eu já queria trabalhar e o curso foi a oportunidade", conta ele.

Em nove anos, 84 jovens aprendizes já passaram pela companhia. Destes, nove se tornaram funcionários, entre eles o Guilherme. A gerente de Recursos Humanos da concessionária, Marlete Machado, elogia a trajetória do rapaz.

"Ele entrou com muito desejo de aprender, tinha aquele brilho nos olhos e ainda não perdeu, ele demonstrou interesse em saber como a empresa funciona, se integrou com facilidade, se adequou a cultura e busca sempre crescer. Esse é o diferencial do Guilherme, que faz com que ele permaneça conosco, além da qualificação técnica que ele teve com o Jovem Aprendiz que é indiscutível", diz ela.

A chance de entrada na vida profissional rendeu ao Guilherme mais do que qualificação. "Casei, tive filho, consegui comprar minha casa própria. Toda essa experiência foi muito importante mesmo, não sei o que seria de mim sem ela", diz.

A professora do curso no Senac Zona Norte, Simone Moraes Cavagnoli, atesta a importância de participar do programa. "No meu ponto de vista, faz toda diferença porque os adolescentes chegam mais preparados para o mercado de trabalho, tanto em postura, quanto comunicação, relacionamento interpessoal, elementos que dão base para a vida profissional".

O jovem aprendiz Klaus Corrêa, que estuda Contabilidade, não quis esperar a faculdade acabar para começar a trabalhar e foi no projeto que encontrou uma oportunidade.